terça-feira, 10 de março de 2009

Só em seis países maioria de líderes é do sexo feminino

Relatório do PNUD aponta que apenas na Jamaica, Filipinas, Dominica, Santa Lúcia, Lesoto e Fiji elas são a maioria em funções de poder

DAYANNE SOUSAda PrimaPagina

As mulheres são maioria à frente de cargos importantes em apenas seis países do mundo, de acordo com dados do RDH (Relatório de Desenvolvimento Humano) 2009, do PNUD. Nos outros 114 – de um total de 120, para os quais existem dados disponíveis – os homens são mais de 50% dos legisladores, gerentes e funcionários públicos de alto escalão.

Os seis países em que elas são maioria nos cargos mais altos não são as maiores economias mundiais e nem as nações mais desenvolvidas. São eles: Jamaica, Filipinas, Dominica, Santa Lúcia, Lesoto e Fiji. Na Jamaica, as mulheres são 59% dos líderes; nas Filipinas, 58%; em Dominica, 57%; em Santa Lúcia e em Lesoto, 52%; e, em Fiji, 51%. No índice jamaicano, porém, o dado foi somado ao número de mulheres em profissões técnicas, o que distorce um pouco o índice.

Dentre os países ricos, apenas nos Estados Unidos há uma maior igualdade de gênero na distribuição dos cargos de poder: 42% deles estão com as mulheres. Na Islândia, país de maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), apenas 29% dos líderes são mulheres.

“Isso mostra que a igualdade de gênero, assim como a racial, não é consequência do desenvolvimento econômico como por muito tempo se falou”, diz Teresa Sacchet, pesquisadora de ciência política da USP (Universidade de São Paulo). Mesmo nos países em que os homens são maioria, mas as mulheres compõem pelo menos 40% dos altos cargos, predominam nações pequenas da América Central. O Brasil tem 35% dos altos cargos nas mãos delas.

Para a pesquisadora, apenas conjunturas históricas mais específicas – como a 2º Guerra Mundial, quando as mulheres tiveram que substituir os homens no mercado de trabalho – ou medidas afirmativas por parte dos governos podem explicar o porquê de elas serem maioria nos altos cargos dos seis países.

“A mudança cultural pode ser promovida por meio de mudanças institucionais”, argumenta. Para ela, soluções como fortalecer cotas para mulheres em partidos políticos e até mesmo dar incentivo fiscal para empresas que ofereçam cotas de gênero podem estimular mudanças de pensamento.

Júnia Puglia, vice-diretora do UNIFEM (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher) no Brasil e Cone Sul também defende a política de cotas para mulheres, assim como para negros. “Não é o ideal, mas é o que nós temos”, diz. “Se fosse oferecido acesso igual à educação de qualidade em todos os níveis e igual acesso ao mercado de trabalho, isso abriria portas para uma representação de poder igualitária”, defende.

“Não há razão para que os parlamentos e as posições de poder não reflitam a composição da população do país, pois isso seria justiça”, afirma Júnia. “O que se quer é paridade”, reforça Teresa, “na política, espera-se que ela seja paritária, não há sentido o Congresso Brasileiro ter apenas 8,9% de mulheres”.
(FONTE: Disponível em: <http://www.pnud.org.br/cidadania/reportagens/index.php?id01=3165&lay=cid>. Acesso em: 10 mar. 2009).

Um comentário:

Yamini C. Benites disse...

Eu não acho que se possa dizer que o fato dos seis países citados (que têm mais cargos políticos em mãos femininas) não serem desenvolvidos economicamente esteja relacionado ao fato de serem justamente os países onde há mais mulheres no poder. Não só há centenas de países subdesenvolvidos {economicamente) onde são os homens quem governam, como também o histórico dos países citados {os que eu tenho conhecimento) são pouco favoráveis à um bom desenvolvimento econômico.

Concordo que deveria, ou melhor, deverá ter mais igualdade entre os sexos não só em cargos políticos ou vagas de emprego, como em muitas outras áreas. Porém, não apoio a ideia de criar "cotas femininas". Eu apoio as cotas da UFRGS por exemplo. As cotas são para negros e estudantes de rede pública. Analisando toda a história, desde os escravos, e como isso influencia as classes sociais, por exemplo, hoje em dia, eu acabo concordando com essas cotas. Eu sei que nós, mulheres, fomos muito reprimidas e privadas de muita coisa ao longo da história. Sei também que aos poucos fomos conquistando nossos direitos, nossa educação, direito de opinião, etc. Assim, acho que hoje nós temos o mesmo acesso à educação, concursos, etc., que vocês, homens, e mesmo sabendo que na busca por emprego, por exemplo, é muito mais fácil achar vagas para homens do que para mulheres, eu acho que abrindo cotas para nós, nós estamos nos definindo como inferiores. Acho que não temos que abrir cotas, temos que abrir olhos e fazer as pessoas enxergarem que não há diferença, que nós mulheres somos capazes das mesmas coisas (se não mais!) que os homens! Se já conquistamos o direito à educação, voto e trabalho, poderemos muito bem conquistar isso também.