domingo, 20 de setembro de 2009

A História das Coisas

No vídeo “A História das Coisas”, Annie Leonard nos mostra a realidade por trás da fabricação de um produto e dos anúncios que incentivam o consumismo inadequado. Podemos verificar isto quando andamos pelas ruas, pois as mesmas são cheias de outdoors contendo diversas propagandas de produtos. O problema não é este, pois o comerciante tem direito de fazer uma propaganda do seu produto, porém, introduzir uma propaganda mostrando que quem não o tem vive o resto da vida como uma pessoa infeliz, já ultrapassa o limite. Falo isto porque as pessoas que já tem o psicológico abalado ficam com a sua auto-estima mais baixa por conta destes anúncios.
O governo e as indústrias (poderia ser o “governo/indústrias”, pois atualmente ambos parecem um só) passam a visão de que o processo de fabricação de um produto ocorre da seguinte forma: extração, produção, distribuição e disposição. Agora, se analisarmos isto, será que não falta alguma coisa? Sim, falta, pois não temos tantos recursos naturais dentro de um país para produzir em demasia, sendo assim, quando os recursos de um acabam, o outro país é invadido e isto faz com que este comece a perder seus recursos.
Onde estão as pessoas que trocaram seu modo de vida para trabalhar em uma indústria com o objetivo de melhoras nas condições financeiras? Vale lembrar que muitas delas praticaram o êxodo rural, ou seja, deixaram de viver no campo e de respirar ar puro para serem usadas e descartadas. Vários patrões deixam seus empregados expostos a diversas irregularidades, como respirar um ar impuro, pois não há mascaras e, se morrem devido a isto, logicamente, são descartados. Claro que hoje existem as indenizações, mas o que será mais importante: o dinheiro ou uma vida? Com esta reflexão, fica mais fácil entender por que estas pessoas não são citadas...
A obsolescência planejada e a perceptiva são táticas de consumismo muito eficazes. A planejada acontece por causa de diversos produtos possuírem uma validade pequena, sendo assim, temos que trocá-los de tempo em tempo. A perceptiva ocorre quando os fabricantes pegam um mesmo produto e o inovam, fazendo com que ele possua uma tecnologia mais avançada, cores diversificadas, tamanhos diferentes, entre outros.
Quando compramos um produto e o mesmo está barato, a nossa primeira ação é ficar contente e pensar: “lucrei!”, porém, não paramos para pensar nas pessoas que fizeram este produto e o quanto ganharam por ele. Na verdade, para muitos isto não interessa, pois se está barato, por que não comprar? O nosso egoísmo aumenta a cada dia que passa e, infelizmente, não conseguimos combatê-lo, pois quando sentamos no sofá com o maior remorso do mundo, ligamos a televisão para nos distrair e assistimos um anúncio, o qual nos mostra que perdemos uma oferta em determinada loja. Esta oferecia um produto que já adquirimos, porém, o novo vem com mais tecnologia e por diversos motivos mostrados e demonstrados é melhor. Por este motivo, o remorso já se transforma em raiva e já nos sentimos um lixo por ter perdido a “grande oferta”. Mas nós somos tão ingênuos por não perceber que se há uma oferta na qual o produto está pela metade do preço é porque outro mais novo, mais tecnológico, mais tudo está vindo! E o que será que vai acontecer? Ou iremos comprar ou a raiva irá aumentar – a segunda opção é a que mais ocorre, pois normalmente o produto é extremamente caro e não apresentamos condições de comprá-lo.
Não adianta assistir o vídeo e comprar um produto que não utilizaremos e que só iremos comprar para nos enquadrar em uma sociedade que só visa e aceita as pessoas que tem o novo. Ter o velho é ser inferior, este é o pensamento fixado nas mentes de milhares de pessoas. Se as mesmas parassem para analisar que colocando fora os produtos velhos e comprando um novo para depois de um ano jogá-lo fora sem o ter utilizado é burrice, o mundo não estaria tão acabado. Tudo já está acabando de uma forma tão rápida que, quando nos dermos conta e pararmos com o nosso ciclo vicioso de comprar e jogar fora, será tarde. Não adianta dizer ser sustentável se após ver o vídeo e ler este texto você irá sentar no sofá, ligar a sua televisão, que por sinal você comprou o último modelo (era igual ao outro, porém a cor era diferente), assistirá o canal da Polishop, e comprará mais um super mix sei lá o que, pois afinal, a cor é diferente do seu “antigo” modelo.
A consciência é a única arma para combater o consumismo inadequado. O nosso planeta pede por socorro, pede que você use a sua mente para coisas boas e que se conscientize o mais rápido possível, ou será que a mesma já não foi vendida? Assista mais um pouco um dos programas “inovadores” da televisão, quem sabe eles não anunciam um novo cérebro com idéias prontas por um preço ótimo.

Um comentário:

Donarte N. dos Santos Jr. disse...

Estimada Raíssa,

Para termos a consciência da qual falas em teu texto, penso que é imprescindível que tenhamos uma boa formação cultural, e, junto com isso, tempo para refletirmos sobre as coisas, sobre o mundo que nos cerca e sobre a vida... E parece ser, justamente aí, que a grande "Razão Ardilosa" - a mídia fantasticamente bolada - nos pega: temos cada vez mais "responsabilidades"/ atividades a serem cumpridas, o que elimina nosso tempo de reflexão, e, conseqüentemente, nosso poder de crítica frente ao mundo... Dito de outro modo, e isso parece ser a mais absoluta verdade, as pessoas andam pelas ruas como que dormindo... Não estão acordadas paras as coisas que realmente estão acontecendo, etc, etc, etc...

Continuemos pensando...

Abração do prof.,

Donarte.