sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A História das Coisas

As modificações dos meios de produção, que começaram na época da Primeira Revolução Industrial, revolucionaram a economia, a sociedade e a política atuais. Muitas de nossas ideologias foram amplamente influenciadas pelos pensamentos burgueses do século XVIII. A velocidade com que as coisas se extraviam ou se tornam obsoletas caminha a um ritmo cada vez maior. O ciclo de consumir e jogar fora se consolida nos tempos modernos com uma rapidez incrível, capaz de fazer com joguemos no lixo 99% de tudo o que compramos em menos de seis meses.
Para conseguirmos sustentar nosso método consumista de ser, as indústrias estão explorando ao máximo ou além de sua capacidade 75% das zonas de pesca mundiais e 80% das florestas originais do planeta desapareceram. O pior é que isto tudo se deve ao fato de que a tradicional economia de meterias trata-se de um sistema linear que não pode ser sustentada por um planeta finito.
No decorrer do ano meu grupo e eu desenvolvemos um trabalho sobre reutilização de folhas secas de árvores com o âmbito de reduzir o desperdício de papel industrializado e diminuir o consumo de energia, mas descobri que isto nunca será suficiente, pode ajudar, mas não será o bastante. No processo de produção são adicionados vários tóxicos ao produto final, para, muitas vezes, impedir que o mesmo seja reciclado. Muitas coisas são pré-feitas com a intenção de não poderem ser recicladas, como as embalagens de leite que tem três camadas sobrepostas de materiais que não se separam facilmente.
Dados recentes indicam que se todo o planeta consumisse no ritmo dos Estados Unidos, precisaríamos de três a cinco planetas para suprir nossas necessidades. Parando para analisar nossos atos consumistas, muitas vezes não precisamos do que compramos. Estas ações nos fazem contribuir para a manutenção do capitalismo ou é ele o que nos faz contribuir para estas ações?
Atualmente existem duas grandes táticas de fazer com que as pessoas consumam, a obsolescência planejada e a perceptiva. Muitos produtos atuais são intencionalmente feitos ara ter uma vida útil extremamente pequena, obrigando-nos a trocá-los com uma freqüência de dois anos ou menos. Quando os fabricantes querem nos obrigar a comprar sem motivo algum, eles utilizam-se da obsolescência perceptiva, onde nós somos induzidos a consumir pelo fato de o design de algo ter mudado.
Pesquisas atuais revelam que a felicidade humana decai anualmente pelo fato de trabalharmos demais e termos muito pouco tempo livre. Este tempo que temos para nós mesmos, desperdiçamos olhando televisão ou então enclausurados em um shopping center fazendo compras. De uns anos para cá nossa vida se resume em trabalhar, ganhar dinheiro e gastá-lo em compras.
Todas essas coisas que compramos têm que ir para algum lugar, o tratamento do lixo. Este se divide em dois, o aterro e a incineração. O processo de aterrar utiliza-se de um grande buraco onde todo o lixo é jogado e a incineração é pior ainda, pois antes de ser jogado no aterro o lixo é queimado, o que libera no ar as toxinas acrescentadas no produto na etapa da produção. Ambos os processos poluem ar, água, solo e ainda alteram o clima mundial. A dioxina é um dos produtos mais tóxicos já criados pelo homem e poderia ser inibida apenas com a suspensão da incineração do lixo, o qual é a maior fonte de produção dela.
Em todas as etapas da economia de materiais existem pessoas com o objetivo de modificar nosso sistema. Estes revolucionários baseiam-se na sustentabilidade, equidade, química verde, zero resíduos, produção em ciclo fechado, energia renovável, economias locais vivas, entre outras. Estes idealistas devem continuar insistindo na mudança, pois o modo atual não aconteceu por acaso e remete um extremo egoísmo para com o futuro do planeta.

Um comentário:

Donarte N. dos Santos Jr. disse...

Prezado Ricardo,

Penso que a resposta a tua pergunta mereça uma reflexão bem cuidadosa... Vamos repetir a pergunta: “Estas ações [reciclagem por exemplo, penso eu] nos fazem contribuir para a manutenção do capitalismo ou é ele [o Capitalismo] o que nos faz contribuir para estas ações [ações que, na verdade de nada adiantam]?”. Na verdade tu estás rondando o problema... Estás quase chegando a uma pergunta definitiva, a pergunta certa... Que seria qualquer coisa assim: .................... (sorriso)! Propositalmente não vou te dar de presente a pergunta que nos ajuda a entender melhor o Capitalismo, até porque quem tem de construí-la é tu! A pergunta deve ser tua...

Para terminar: parabéns com o premiado trabalho das folhas... Parabéns por avançares no sentido de perceberes que determinadas ações muito pouco adiantam (e isso tem a ver cm a tua pergunta...)...

No aguardo, e, curioso,

Prof. Donarte.